Sua geladeira virou mídia. E isso muda tudo sobre publicidade programática.
A Samsung acaba de inaugurar uma nova fronteira da mídia programática: a tela da porta da geladeira.
Sim, você leu certo. O eletrodoméstico que antes exibia receitas, lista de compras e informações do clima agora veicula anúncios programáticos quando entra em modo descanso. O projeto-piloto foi lançado nos Estados Unidos, mas tudo indica que deve se expandir para outros mercados, inclusive o Brasil.
Se até a sua cozinha virou mídia, o que ainda está fora do radar?
A publicidade invadiu a casa e veio para ficar
O movimento é sintomático de uma tendência crescente: a integração da publicidade ao cotidiano físico, de forma cada vez mais natural e imperceptível. Já vemos esse padrão se repetir em outros dispositivos, como painéis de carros, espelhos inteligentes e assistentes de voz.
Mais do que uma questão de inventário, trata-se de uma mudança de mentalidade. A lógica é simples: onde há tela, há atenção. E onde há atenção, há valor.
E o que está em jogo aqui não é só o formato, mas a própria noção de espaço neutro. Ambientes antes considerados livres de publicidade agora também estão na mira da mídia programática.
O custo da conveniência: atenção em troca de função
Há um detalhe importante nesse modelo: não é possível desativar os anúncios sem desconectar a geladeira da internet. E, ao fazer isso, o usuário perde todas as funções inteligentes do aparelho.
Ou seja, a escolha que se oferece é: quer usar sua geladeira ao máximo? Então aceite ver anúncios. É a versão doméstica do “se é grátis, o produto é você”, só que agora em produtos que custam milhares de reais.
Isso aprofunda uma mudança silenciosa no jogo da mídia: a atenção do usuário está sendo monetizada em tempo integral, até mesmo dentro de casa. E, muitas vezes, sem um verdadeiro poder de veto.
Programática em todo lugar: a próxima década será invisível
Segundo dados da eMarketer, o mercado global de mídia programática movimentou US$ 140 bilhões em 2023. A expansão não se dá mais apenas em canais digitais clássicos, mas em interfaces do mundo real: eletrodomésticos, wearables, carros conectados.
A Samsung já vendeu mais de 2 milhões de geladeiras inteligentes desde 2016. A Amazon veicula publicidade por voz via Alexa. Montadoras estão testando planos de mídia em painéis automotivos. O que antes era ficção virou realidade e tudo indica que isso é só o começo.
Para onde vão as marcas?
Nesse novo cenário, as marcas que desejam continuar relevantes precisam rever seus mapas de mídia. O futuro não está apenas nos feeds e banners, está no ambiente físico, nos objetos cotidianos, nas superfícies que fazem parte da vida real.
É o conceito de “ambient media” ganhando força: presença publicitária discreta, contextual e adaptativa, sem necessariamente parecer “um anúncio”.
Essa publicidade não vai pedir permissão. Mas talvez precise aprender a respeitar o espaço em que se insere.